Já na primavera de nossas vidas –
que é a infância – percebemos que a vida não é sopa. Às vezes é leite; às vezes é papa também.
Depois – depois de nos induzirem a
pensar que somos o centro do universo naquele berço esplêndido, onde avós,
tias-avós, vizinhas e tias de distante parentesco nos deitam babas e olhares
maravilhados – começam a fazer
perguntas: “Tá pensando o quê?” “Quem você pensa que é; o rei da cocada preta?”
A maior decepção acontece quando a
Mecânica Celeste deixa muito claro que não somos o centro do universo, mas
mísera poeirinha na periferia do mundo.
O golpe de misericórdia vem a
prestações, naqueles papos de pai para filho, cujo stress é um tema recorrente:
“Até quando acha que vamos resolver os teus problemas, filho?” “Não tá não na
hora de assumir tua vida?” “Tuas escolhas tem consequências, já pensou que
precisa assumi-las?”
Blábláblá que anuncia o fim da
infância. Sem tonitruantes ribombares nem lampejos celestes, mas um ”Deus nos
acuda!”. Afinal sempre houve uma sutil promessa, a esperança num pai maior, um
Deus que de nós cuida.
Verão vai, Outono vem e, para além
das promessas e esperanças, a grande certeza: a vida não é sopa.
Vários endereços, cardápios
variados, a mesma epígrafe – a vida não é sopa.
Da promessa entendemos tudo errado.
Deus não mete o bedelho nas nossas
vidas.
Somos todos um e para todos Ele diz:
tuas escolhas tem consequências, já pensou que precisa assumi-las?
Quando o
Verão maduro com seus frutos coloridos?
Quando o Fim da Infância da
Humanidade?
PS: “O fim da infância” é o título
de um dos primeiros romances de Arthur C. Clarke, o mestre da ficção
científica.
A Editora Aleph lançou uma reedição
em 2010. Recomendo.
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