Na minha infância, até pela formação
católica, acreditei mais em diabinhos tentando me levar para o “mau caminho” do
que em anjinhos me protegendo das coisas ruins. O receio e a ameaça do iminente ato
pecaminoso já fazia de mim um ser desprezível,
indigna até da misericórdia de Deus.
O fato do filho d’Ele estar pregado
na cruz, morrendo em agonia, em nada ajudava: quem me protegeria de mim mesma;
quem me salvaria de ser fraca e humana?
Nosso pensamento está sempre alerta;
racionais, vivemos pela bússola do pensamento ativo.
Domingo passado tive uma ajudazinha
dos anjos, comprovando o que ultimamente tenho intuído: os anjinhos protetores
são mais presentes e constantes na minha vida do que os diabinhos.
Dar atenção ao que a intuição sugere
é importante, mas o mais importante é fazer o que ela sugere. E para isso precisamos calar o pensamento
ativo que geralmente segue um fluxo diferente daquele sugerido pela
contracorrente intuição.
A modernidade classificou muitos
tipos de inteligência.
A que se quantifica pelos testes de
QI, colocada no pedestal dos nerds e geeks, em minha opinião sem utilidade
imediata na vida rotineira; a IE, inteligência emocional que, pelo contrário,
nos ajuda a viver em harmonia com os próximos e com os próximos mais distantes;
a IC, cinética, de sobra na raia dos atletas olímpicos por ex..
Desconfio que a intuição faça parte
do universo do QS, Quociente Espiritual, do qual se fala com bastante
frequência nesses últimos tempos.
Na vida, coisa mais custosa é
aceitar as divergências.
Começa simplesmente: “eu gosto do
amarelo, mas gostas do rosa”. Termina complicando um pouco quando muda para “eu
gosto do amarelo, mas como ousas gostar do rosa?”
Quando já começa complicado como num
embate “democratas versus republicanos” pode-se chegar a grandes complicações:
de “não quero mais conversa com você!” até “se queres guerra, guerra
terás!”.
O espelho nunca nos trai.
Não nega, não diverge, não blasfema.
Mas tem um defeito: é estagnado como
água parada – o espelho do Narciso.
É preciso seguir para o mar
ancestral, rasgando o ventre da terra, contornando rochas, despencando por
abismos, sedimentando margens, saciando sedes.
O mar é meu centro. É para onde
carrego meu ser, meu quociente espiritual – que cresce a cada curva do rio.
Um Quociente Espiritual bem desenvolvido
não tem dificuldade em aceitar as divergências. É manso diante das diferenças.
Respeitoso, complacente. No máximo, compadecido.
QS não tem a ver com religiosidade
ou mistificação.
Tem a ver com ciência – física
quântica.
Para a Física e Filósofa (por
Harvard e MIT) Danah Zohar, “a
inteligência espiritual tem a ver com o que eu sou, com os meus valores”. Ela
diz que precisamos alimentar essa inteligência para motivar a cooperação – entre a família, a comunidade, os
países. E que só assim vamos encontrar soluções positivas
para o planeta e vamos nos encontrar nessa busca também.
Qualquer semelhança com o discurso
de líderes humanitários, independentemente de religiões instituídas, não é mera
coincidência.
11/09/2012
Todos os direitos reservados AKEMI WAKI
Kemi, como em síntese você consegue expor esse assunto de forma tão clara, sã e fabulosa? Sou sua fã e sem narcisismos devo arriscar dizer que tudo isso cabe em mim. E isso é sensacional-" É preciso seguir para o mar ancestral, rasgando o ventre da terra, contornando rochas, despencando por abismos, sedimentando margens, saciando sedes. " Obrigada por compartilhar!
ResponderExcluirCari, obrigada! Não imagina como me alegro em saber que o texto te tocou. Isso é muito incentivador! Como escritora é tudo que desejo: inspirar pessoas a buscar o seu centro - a usina do Eu Individual. Beijos.
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