sexta-feira, 25 de maio de 2012

TATUAGEM


Trago comigo uma pergunta
que me dói
que me rói
desde que nasci:
madrugada foi mesmo inventada
pra ser escutada
antes de seu esplendor?
Ou está em mim
a sinfonia
violácea mutação de cores?

Dói porque foi a primeira
dor: nasci com a aurora.
Rói porque é dor antiga
mastigada no sabor da maçã
que à tarde trazia meu avô:
gosto de poente fluindo a poesia
pra dentro de minha carne
feito tatuagem ardente.

À dor nunca me acostumo.
Mas o que rói
se faz VERSO,
o avesso do UNO:
ainda que a geografia
de meus versos
e veias
comece no oriente
é no poente que deságua.
Tropical.


 todos os direitos reservados AKEMI WAKI

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