Procuro a fé e o solfejo
do ofício.
Anuncio em jornais,
confiro dorso de livros,
beberico no bar, confesso
pecados ao crítico.
Nada: a sombra vai onde a
flor anda.
Debruço-me ao franco
desafio
- tão branco papel!
Ou deito-me trancas ao
assédio
– música e fragor?
Contudo,
não sou de decidir
súbitas decisões
nem de andar em linha
reta.
Já fui pássaro bicando
pedras.
Rendilhei ondas em
migalhas
contra meu corpo, rocha.
E onda, espraiando-me
apaguei os rastros que em
mim deixaram.
Já pensei ter pensamentos
por deixar marcas de pés
na areia.
Esfreguei convés de navio
estrangeiro.
Espargi incenso e crinas,
fui doce de coco,
lamento de flauta doce.
Mas já me arrependo
das linhas retas
e das curvas
e das que vão e voltam:
ainda sou pura.
Seria terra de promissão
este Brasil virgo,
prometendo-se a
forasteiros de toda várzea?
Virgem de largas ancas e
pele selvagem
Indomada ainda que mil
vezes deflorada.
Das largas ancas floresce
meia ramagem,
meio sonho ainda sonhando
pra lá do mar.
Aprendi
com ancestrais uma gramática
Inversa
onde
gênero e número se desencontram.
E
dentre matérias do currículo escolar
tive
lições sobre a cor da pele,
pela força da palavra do
coro juvenil
- japona! Japona! -
e a devastação de estar à
margem.
Nem por isso, ou por ter
olhos miúdos,
policio a sintaxe de meu
patriotismo
: é verde/amarelo o chão
de minha pátria
e, tanto por leste como por oeste,
alcanço a ordem certa da gramática.
Vem do oriente o paciente
saber;
do ocidente, a faina
incansável do fazer,
caminhando todos na
claridade do dever.
João,
Juan, Hans, Tarô, Jirô, Saburô,
Todos.
Plantados neste país.
Um chão assim elástico e
distendido
cabe no peito com todo o
clangor
de um sol por igual
vertido
sobre o mosaico de
sementes.
Os momentos se engendram,
nossa bandeira se
desenha.
O futuro de nossa pátria
está se fazendo.Vem
chegando
primavera de nova safra:
azáleas, rosas,
margarida, jasmim
escandalosas
em meu jardim!
todos os direitos reservados AKEMI WAKI
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