“Embriagá-los-ei para que se regozigem
e não acordem, diz o Senhor.”
JEREMIAS
1.
Escrevo no limite
: transpô-lo é suicídio;
recuar, morte lenta.
Desembestada morte,
fibra que pulsa, pulso de fera,
minha chibata é a pena.
Experimentar a cena de ser
é vibrar a corda e recuar,
cutucar a fera, representar.
Me resta domar, calma paralisia.
2.
Reconhecer entre juncos a face
do limite: os flancos retesados
espreita, coração retido.
Há sempre um velho índio a espreitar
uma nuvem branca. Na memória o espanto
de fogueira acesa, cinzas no flanco.
3. Devo ter visto chuva caindo
-
folhas de
chá ou sais de prata –
quando queriam ventos quietos
para redimir fomes irrequietas.
A redenção de Jacó, das mandrágoras,
foi escorchando álamos, aveleiras
e verdes plátanos, reconhecer
a genética dos deuses.
Aos gados não os quero
brancos, pretos ou malhados.
Só ao fato que me coloca
No limite dos rios, areias
E bancos.
4.
O que se repete é o que não lembro.
Rasurei o propósito do corpo
e a memória passada a limpo
é apenas uma vida, um limite.
Esta memória marcha contra o tempo.
São soldados espanhóis na mata antiga
buscando morte ou vida
: prometida fonte da juventude.
5.
De quem esta promessa?
E tarda. E se processa
como vagalume fulgindo
e apagando o desconhecido.
É mística e certeza aclamando
a célula, o gen primeiro.
Fulgurando o piscar, a memória,
a força, o poder.
6.
Vejo vazio o ventre do universo
e o mundo órfão na tribuna. Vem
do cativeiro o poder das algemas
o temer, o saber apontar o réu.
Coube à mulher a ousadia do peso
perdido, as rugas no ventre.
Ao homem, a fuga da semelhança
do órfão com o universo.
7.
O saber se esconde atrás do sono,
Um ciclo sem bocejos. Mas temo
pelo limite e pela primeira muralha.
Por nossa brincadeira de construir.
todos os direitos reservados AKEMI WAKI
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