Terra e poeira de épico fazer,
de que época me lembro
ter visto escaravelhos a roer
meu coração por dentro?
Tempo de cinzas e épico governar,
de que modo a época antiga
me volve e me devolve
a dor de batalhas ganhar?
Gengis Khan, sou hoje poeta.
teu escaravelho é um trator
corroendo planícies.
Onde rolaram cabeças inimigas,
erguem-se distritos industriais.
Tua espada de fogo,
uma chaminé
me ardendo nos olhos.
Gengis
Khan, te amei.
Teu corpo gretado
de sol, sangue, vitórias,
amei.
Tua dor calcinada
a suor, sonhos e histórias,
amei.
Na verde campina da aurora
sonhos acalentei:
negros cabelos ao vento
teu vasto império
abracei e desejei.
Ah! Khan
Supremo,
estendestes braços
por todo mar da China.
Com a mesma fúria
estendestes a criança
por todo meu corpo,
Temugin.
Ah! Temugin, hoje sei:
Se nada, agora, me acrescenta
é porque a água secou.
E teu escaravelho caminha
prepotente
sobre meu pé, que cisca
e cisca e cisca
uma touceira de fundas raízes.
Meus mapas nunca indicaram
tais territórios onde portas rangem
explodindo os anéis dos anos:
terrenos baldios
me convidando a ciscar.
Mesmo Djamuca,
ou o mais feroz de teus inimigos,
foi tão gigantesco:
com lâmina de pedra lascada
enfrento meu mamute
congelado
nas artérias de memória antiga.
Oh! Não, Temugin,
nunca fiz encantamentos!
Minha memória é redonda
num universo plano,
e me chamo Giordano,
Giordano Bruno.
Enquanto matavam parelhas
construí carroças e mais carroças.
Os dedos só calos, carroças,
para filhos sem parelhas
nem mamutes brancos ao redor.
Na verde campina da aurora,
Gengis Khan, teu império
tem outro senhor.
E leva o nome Máquina.
Ah! Meu Senhor,
Discos voadores enfrento
com esta máquina tenra:
e que luzes estas
que piscam em mim
se sou sem partes elétricas?
Sou eu, a velha árvore.
E este arbusto ainda tenro,
meu escravo de nome máquina.
Meu lazer, meu prazer,
Oh!,
Khan Supremo,
são como o teu império:
meu ser cada vez mais longe
do mamute na memória.
Enfim,
travoltear a luz
e resistir ao suicídio!
Contudo, Temugin,
quanto mais longe for
mais perto chegarei:
este servidor traiçoeiro
me faz senhor
me faz escravo.
Enquanto escravo sou construtor,
e, parasita, seu senhor.
Como as mariposas,
nunca chegaremos
a trovoltear luzes,
resistir ao suicídio?
Gengis Khan, sou hoje poeta.
Meu império é meu coração.
Senhor, entre poeira e cinzas,
Teu escaravelho eu deixo.
Adeus, Temugin!
Anônima espada empunho
e por longa estrada caminho
em busca do mamute branco.
Minha lenda antiga,
me olha, me
desafia, me diz:
Estou te
esperando.
Eis que o enfrento!
(Não tema, Temugin,
vê que nem tremo?)
Vem mamute,
meu fôlego é de poeta,
vem que te enfrento!.
todos os direitos reservados AKEMI WAKI
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