UM PAPA que se alija de pompas e se pergunta “quem sou eu para
julgar?”, é a própria Boa Nova. Ponto de inflexão, que reconduz a Igreja Católica ao leito do curso histórico.
O salto quântico dado pelo Papa Francisco
promove a reconciliação do Cristianismo com a própria essência da Religião –
aquela que busca nos re-ligar a Deus; que se pactua com a
ação caritativa; e que, como na visão do poeta e anarquista Herbert Read, é a aliada natural do socialismo.
Para Herbert Read, que é autor de alguns
clássicos libertários (Poesia e Anarquismo, A filosofia do Anarquismo e
Educação pela Arte), “a religião é uma autoridade natural”, que se opõe à autoridade
artificial do Estado.
Duas vezes a História nos pegou pelo contrapé neste ano: os
protestos, em junho e a surpreendente Jornada Mundial da Juventude Católica, em julho.
Jung e certas teorias quânticas nos dizem que
coincidências não existem, mas, sim, um sincronismo de fatos.
As difusas reivindicações dos jovens, que saíram
às ruas em Junho, amarram-se num feixe de recusas ao que nos oferecem as ruínas da
civilização capitalista e, aos poucos, promoverá significativas reformas institucionais no Brasil.
A conclamação para o apostolado missionário e a
incitação à busca dos necessitados veio de um Pontífice dedicado à causa dos
pobres durante uma Jornada Mundial da Juventude e, aos poucos, uma nova
reforma do cristianismo poderá promover um socialismo diferente, nascido de um sentimento religioso.
Os fatos que, em sincronia, nos conclamam para a
necessidade de muitos, constituem-se no clímax positivo de arrastadas crises, que agora se fazem oportunidades para promover profundas e globais
mudanças.
Paulínia, 30. julho.2013.
Akemi Waki