OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES, UM DRAMA POLICIAL BEM
CONTADO PARA MAIORES DE 16 (!) ANOS.
Cenas de
sexo explícito ou, ainda pior, estupro explícito num drama policial com censura
livre para maiores de 16 anos. Que foi que perdi? Com que idade os jovens de
hoje teriam, em tese, equilíbrio emocional para encarar coisas desse tipo?
O autor do romance – Stieg Larsson
(1954 – 2004) – era jornalista sueco e fumava muitos maços de cigarro por dia.
Certo dia, o elevador do prédio onde ficava seu escritório não estava
funcionando por falta de energia elétrica.
Larsson decidiu subir pelas escadas. Sofreu um infarto fulminante,
partindo dessa para melhor.
A atriz indicada para o Oscar,
Rooney Mara, está excelente, em atuação quase paradigmática. Rooney interpreta
a “garota com tatuagem de dragão” – Lisbeth Salander – que é um arquetípico
oposto das heroínas. É hacker. Tem o corpo tatuado. É lésbica a maior parte do
tempo. Bissexual quando interessa. Antissocial e paranoica.
O mote do suspense narrativo que se
revela no final é o fato de Harriet, que motiva a investigação policial, ter
sido seviciada sexualmente desde a infância, primeiro pelo pai e depois pelo
irmão.
O filme é um berro de nojo antes de
encarar o vomito: o sexo é uma coisa suja, que escancara o pior do ser
humano. O impacto de cenas que rasgam as
defesas de nossa zona de conforto e um suspense magistralmente construído são
os grandes méritos da estrutura narrativa de Larsson.
Se fosse contado linearmente ficaria
parecido com um episódio da série Lei e Ordem – SVU e seu explícito discurso
moral.
Fica provado que uma mesma história
adquire identidade própria quando bem contada.
No fundo, o escritor é um vendedor de ideias e histórias.
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